quinta-feira, 29 de julho de 2010

A integração das Mídias na Educação

A integração das mídias e tecnologias no âmbito escolar
Angélica Vasconcelos[1]

“A velocidade com que vários setores da sociedade estão se informatizando traz para o mundo atual a necessidade e que as pessoas estejam num constante processo de aprendizagem, no sentido de adquirir competências individuais e sociais de comunicação e interação com o novo” (Mantoan, 2001).

A sociedade tem evoluído muito nos setores de informação e comunicação. E esta transformação está sendo refletida no âmbito educacional, no entanto, as mudanças que vêm ocorrendo exigem do docente a necessidade de parar para refletir, para mudar na busca de formar cidadãos capazes de ler, interpretar e agir na sociedade, se aprimorando de toda tecnologia e mudança da mesma.

Nos últimos tempos assistimos várias mudanças nos diversos campos da sociedade, causando avanços significativos nas pesquisas científicas e no desenvolvimento de meios tecnológicos de informação e comunicação e do mundo cada vez mais globalizado. Segundo Castells (2003) três processos independentes começam a se gestar no final dos anos 60 e princípios dos 70 convergem hoje para a “gênese de um novo mundo”, são: revolução das tecnologias da informação, crise econômica e florescimento de movimentos sociais e culturais. Pode-se perceber uma nova sociedade, ou seja, a sociedade em rede, a economia informatizada e globalizada e uma relação cultural real, tornando-a mais sofisticada e exclusiva.

A educação partícipe do cotidiano social procura englobar a mídia nas instituições educacionais como forma de democratizar o acesso das tecnologias, buscando a apropriação e reflexão dessas no âmbito escolar. Uma vez que as mídias vêm ganhando maior espaço na vida das pessoas, reformulando o cotidiano, fazendo com que a escola se veja desafiada a integrar as mídias e tecnologias na prática pedagógica. Que para Silva Filho (2005 p.186):

“É a idéia principal no que respeita às tecnologias de informação e comunicação. Por um lado, estas tecnologias devem estar plenamente integradas nas instituições educativas, dispondo alunos e professores de condições de acesso facilitado e de freqüentes oportunidades de formação. Por outro lado, as TIC’s devem estar plenamente integradas na atividade de ensino-aprendizagem, tanto ao nível dos saberes disciplinares como dos transdisciplinares”.

Deve-se, portanto, perceber que a mídia é instrumento que viabiliza novas alternativas de construção de conhecimento, não a mera utilização por si mesma. Segundo Demo (2005, p.01) “tecnologia não faz educação necessariamente, mas, uma vez entrando nesse ambiente, o move inevitavelmente”, Pois, atualmente é difícil ver a prática pedagógica sem a utilização da mesma, dado ao crescimento dessas ferramentas nos mais diversos setores da sociedade atual. O uso das TICs pode ser visto como instrumento facilitador, otimizador na concepção de metodologias que busquem alunos participantes mais efetivos.

Surgindo a necessidade da participação crítica buscando seus instrumentos e dinâmicas da mobilização e expansão para podermos nos apropriar e utilizar seus recursos e meios de interação para a atuação real e ativa do ser humano. Para o homem não basta hoje, que aprenda a ler e escrever textos verbais. Faz-se necessário que ele aprenda a ler e compreender outras mídias como o rádio, a TV, programa de computador, de forma que não se deixe usar por elas, utilizando-as de forma avaliativa e crítica, em prol de seu desenvolvimento enquanto cidadão responsável. Apropriando-se do conhecimento histórico-teórico juntamente com o conhecimento prévio das mesmas na perspectiva de melhor uso das tecnologias de informação e comunicação.

Atualmente, os usos das mídias, rádio, TV, Vídeo, computador entre outras, se confundem e passam a ser características das tecnologias de informação e comunicação, criando uma nova sociedade, novos ambientes de aprendizagem, um novo tipo de aluno que precisa de um novo tipo de professor. Surge um aluno mais interativo, pois a interação na comunicação social está cada vez maior, permitindo que seus usuários deixem de ser receptores. Fazendo com que o professor se aproxime do aluno a fim de elaborar e manipular as tecnologias em ação conjunta. Codificando-as, recodificando-as conforme suas realidades, permitindo uma comunicação mais dinâmica, alternando os papéis de emissor e receptor.

Segundo Cortelazzo (2000), é essencial que os professores se apropriem, portanto, das diferentes tecnologias de informação e de comunicação, aprendendo a ler e a escrever as diferentes linguagens e representações usadas nas diversas tecnologias.

“Ao se trabalhar, adequadamente, com essas tecnologias, constata-se que a aprendizagem pode se dar com o envolvimento integral do indivíduo, isto é, do emocional, do racional, do seu imaginário, do intuitivo, do sensorial em interação, a partir de desafios, da exploração de possibilidades, do assumir responsabilidades, do criar e do refletir juntos” (Kenski 1996 p.146)


Quando os professores conhecerem, manipularem as tecnologias e as mídias em seu cotidiano visando sua prática pedagógica, poderão orientar seus alunos no uso das mesmas de forma que venha a enriquecer seu conhecimento de mundo. Ressaltando que os professores não devem substituir as velhas tecnologias pelas novas, mais fazer uso de todas para ajudar seus alunos a desenvolverem conceitos para a construção de seu conhecimento. Como afirma Gadotti (2003 p.32):

“O professor deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem (...) um mediador do conhecimento, um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador de aprendizagem”.



A educação faz-se fundamental no processo de comunicação e informação, afirma Moran (1991), “educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem”.

Sendo assim, podemos dizer que o papel da escola é promover o desenvolvimento do conhecimento acompanhado do desenvolvimento de habilidades e atitudes. Habilidades estas que permitirão o aluno caminhar sozinho, interpretar os fenômenos expressar-se, comunicar-se, dominar atitudes que o ajudem a desenvolver a auto-estima, a querer aprender sempre, avançar, não se isolando, mas colaborando para chegar a uma sociedade mais justa. Em contextos sociais que estão em transformação, a escola não pode ficar imóvel. Por pertencer a todos, compete ao sistema educativo encontrar um justo equilíbrio entre as aberturas e os fechamentos sociais.

Referências

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, a era da informação: Economia, Sociedade e Cultura V. l São Paulo, Editora Paz e Terra, 2003.

CORTELAZZO, Iolanda B. C. Colaboração, trabalho em equipe e novas tecnologias de comunicação: Relações de proximidade em cursos de Pós Graduação. Tese de Doutorado, FE – USP, 2000

DEMO, Pedro. Nova mídia e educação:incluir na sociedade do conhecimento. In. Telecongresso Internacional de Educação de jovens e Adultos, 4º 2005.
http://telecongresso.sesi.org.br/templantes/capa/TextoBase_4telecongresso_%20Acesso07/03/2008

GADOTTI, Moacir. A boniteza de um sonho: aprender e ensinar com sentido, abceducativo, ano lll, nº 17, p.30 – 33, 2002.


MORAN , José Manoel Costas, Como ver televisão; leitura crítica dos meios de comunicação, São Paulo: Ed. Paulinas, 1991.


VEIGA, Ilma P. Alencastro (org). Didática: O ensino e suas relações. KENSKI, Vani Moreira. O ensino e os recursos didáticos em uma sociedade cheia de tecnologias. Campinas; SP: Papirus, 1996.
[1] Graduada em Letras – FFPNM/UPE; Especialista em Docência Educacional e Organização escolar – FACIPE; Especialista em Mídias na Educação (Cursando fase final) UFRPE – Ead pelo MEC e Eproinfo.